Inclusão escolar: promovendo a cidadania na escola
Ilda Maurilia Cavalheiro Siqueira
Promover o
desenvolvimento individual e coletivo do educando como sujeito ativo e
construtor de sua própria aprendizagem, bem como prepara-lo para a vida é a
principal meta da educação, que assume nos períodos atuais um paradigma onde o
professor se torna mediador no processo de aprendizagem, focando o aluno como o
construtor de sua realidade e membro ativo sociocultural nesse processo, que é
enriquecido pela interação constante entre os sujeitos, fazendo da diversidade
coexistente nos espaços escolares, uma aliada nesse processo, onde todos possam
ter possibilidades igualitárias de desenvolvimento e convivência. Desta forma o
trabalho desenvolvido na área de educação especial deve vir de encontro a essa ideia.
Atuo na área de
Educação especial inclusiva, uma área que a cada dia me atrai e fascina pela
valorização de cada indivíduo enquanto sujeito ativo no processo de construção
de seu próprio conhecimento, autonomia, e superação diária de suas limitações.
O trabalho na
educação especial compreende além do conhecimento metodológico, também um
envolvimento com todo o processo de inclusão de pessoas com deficiência no
âmbito da educação no ensino regular, bem como nas demais modalidades de ensino
formal e informal. O direito ao acesso e a permanência ao sistema educacional é
algo garantido pela Declaração dos Direitos Humanos, pela
Constituição
Federal de 1988 bem como pela
Lei de Diretrizes e Bases
9394/96 que enfatizam a importância da interação dos sujeitos na sua
formação social, histórica e cultural, que faz do espaço escolar um recinto de
trocas mútuas de aprendizagens, onde são construídos valores e efetivados
conceitos a cerca do conhecimento científico, histórico e cultural.
A LDB 9394/96 norteia os
direcionamentos do sistema educacional brasileiro e vem a reforçar que uma
educação de qualidade com acesso garantido seja realmente um direito de todos
os cidadãos. Considerando que a educação deva estar ao alcance de todos, é
necessário considerar a diferenças como algo natural e inerente aos diversos
grupos sociais. É preciso desconstruir a ideia que se apresentava anteriormente
referente à pessoa com deficiência que os considerava como sujeitos rotulados
por suas características, deixando de potencializa-los nas suas diferenças
segregando-as na sociedade. Tendo em vista essa reflexão, subentende-se que o
processo de inclusão escolar, venha a contribuir de forma positiva,
potencializando as relações sociais não só no ambiente escolar, mas também no
seu meio social.
A partir da construção de um
novo paradigma, subentende-se que a educação implica numa ideia de democratização
nas escolas onde,
(...)
evidencia-se o paradoxo inclusão/exclusão quando os sistemas de ensino
universalizam o acesso, mas continuam excluindo indivíduos e grupos
considerados fora dos padrões homogeneizadores da escola. Assim, sob formas
distintas, a exclusão tem apresentado características comuns nos processos de
segregação e integração, que pressupõem a seleção, naturalizando o fracasso
escolar. (Politica de educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva,
2008, pg. 01).
Percebe-se assim que a busca
por um ensino que inclua a todos os sujeitos é uma preocupação não muito
recente. A educação inclusiva propõe uma serie de mudanças e adequações ao
sistema educacional que vão desde o enfoque político e estende-se a uma
adequação sistematizada das práticas pedagógicas direcionadas nas instituições
de ensino a fim de que essas mudanças realmente proporcionem que cada criança
seja considerada em suas especificidades.
A prática docente
passa a representar importante papel na formação e na reformulação de saberes
pedagógicos, daí a necessidade de profissionais bem preparados capazes de ir
além da teoria utilizando-se da prática diária como fonte de aprendizado. É
necessário que o professor apresente uma
formação
continuada de modo que ele integre a ação à reflexão gerando desta forma a
construção de seu saber e fazer pedagógico num contexto que possibilite a
interação e construção não só de seus saber, mas também de seus alunos de forma
que possa neles desenvolver a autonomia dos mesmos.
É neste sentido
que a Educação inclusiva vem a contribuir no desenvolvimento individual e
coletivo dos sujeitos, pois, se faz necessário que a
sociedade passe a enxergar as pessoas com deficiência como seres humanos,
dotados de sentimentos, desejos e que tem o direito a ter uma vida social como
qualquer outra pessoa independentemente se suas características físicas,
sensoriais ou cognitivas, que acabam rotulando os sujeitos, mascarando assim
suas reais potencialidades.